2017-02-16

MANIFESTO

Rui Goes Ferreira, arquitecto 



















Sobre Rui Goes Ferreira apresenta um arquitecto cuja obra teve extrema relevância na caracterização da arquitectura que se desenvolveu no arquipélago da Madeira nos anos 60 e 70. Hoje a sua memória mantém-se quase em esquecimento e a obra também ela quase inédita.  

Rui Goes Ferreira nasceu no Funchal a 8 de Novembro de 1926 e a sua actividade profissional fixou-se inteiramente entre as ilhas da Madeira e Porto Santo.
O arquitecto criou no Funchal um atelier-escola singular, que procurava a colaboração de arquitectos não locais na descoberta de novas abordagens e soluções, que romperam com os estigmas do isolamento de uma ilha no atlântico. No período de vinte anos a sua prática profissional foi intensa e incessante. Pela qualidade da sua obra e pela influência que teve no meio e produção local, Rui Goes Ferreira foi, a par do arquitecto Raúl Chorão Ramalho, uma personagem maior da arquitectura na Madeira nos anos 60 e 70.
Em 1978, o seu falecimento imprevisto deixou todo o seu espólio exposto à “erosão”, durante mais de 30 anos, e sem continuidade.
Até à data, foram omitidas referências à sua obra em todas as publicações sobre a arquitectura na Madeira (tirando publicações muito pontuais). Talvez este facto se deva pela pouca abertura do meio, por uma escassa produção académica e científica, e pela inexistência de uma crítica da especialidade na ilha da Madeira no período que se seguiu à revolução. Momento que praticamente coincidiu com o seu desaparecimento e em que outros valores se sobrepuseram numa mudança radical da sociedade madeirense, esquecendo-se assim o legado e o valor da sua arquitectura.

Em 2009, os seus descendentes iniciaram, por fim, um trabalho de identificação e levantamento das obras. Temporariamente interrompido o trabalho ressurge em 2015 com um estudo e reflexão pioneiros sobre o legado de Rui Goes Ferreira.

Neste momento, reúne-se a motivação e oportunidade de continuar o processo, assegurando a protecção e divulgação do legado em questão, de modo a incorporar o seu nome no debate da arquitectura portuguesa do século XX.


Madalena Vidigal