2019-12-02

CIDADE PARA TODOS


"A habitação é um direito constitucional. Incumbe, pois, ao Estado promover as políticas, públicas ou privadas, que a todos garantam uma morada condigna. O problema torna-se, todavia, mais complexo, se atentarmos ao facto de que habitar não é apenas ver garantidas as condições de higiene e privacidade que a Constituição consagra. É muito mais do que isso. Habitar - tal como amar, recordar ou morrer - é um dos verbos que proclamam a nossa presença no mundo. A disciplina que estabelece as regras da sua conjugação é a Arquitetura. Cabe, pois, aos arquitetos, mais do que a quaisquer outros profissionais, saber conjuga-lo, para escrever - se possível sem erros! - o infinito texto da cidade.

O Funchal tem vários bairros e conjuntos habitacionais de iniciativa pública ou cooperativa, desenhados por arquitetos: o Bairro da Nazaré, no Funchal, por Rafael Botelho; ou o Bairro Económico dos Pescadores, em Câmara de Lobos, por Rui Goes Ferreira, são dois bons exemplos de como a arquitetura pode fundar um lugar, criando um sentido de pertença à comunidade que o habita. O contrário disto, infelizmente, também acontece: nos bairros sociais atirados para as periferias da cidade, enterrados nos vales das ribeiras, maquinalmente concebidos por gente que não sabe, não pode ou não quer fazer melhor. É tempo de fazer melhor, de lançar concursos de concepção que substituam o desenho analfabeto pelo desenho de qualidade, baixando os custos de construção e dando atenção à vida de quem vai Habitar, no pleno sentido da palavra.
É para debater a cidade e as políticas de habitação coletiva que a vão conformando que a Delegação da Madeira da Ordem dos Arquitetos promove, no próximo dia 8 de novembro, no âmbito das comemorações do dia da arquitetura, a conferência que tem por título “Habitação Coletiva: Cidade para todos”, que contará com a presença de um conjunto de especialistas de variadas proveniências."

A Delegação da Madeira da Ordem dos Arquitetos realiza a sua Conferência Anual de Celebração do Mês da Arquitetura “Habitação Coletiva: Cidade para todos”, no Auditório do Museu da Electricidade, Funchal, no dia 8 de novembro, data em que se comemora o 93º aniversário do Arquitecto Rui Goes Ferreira. 


O painel conta ainda com a participação de Helena Roseta, Nuno Brandão da Costa, Ricardo Carvalho e Luís Spranger, sob moderação de Luís Vilhena.


2018-01-18



Continuados os esforços para a realização do projecto de divulgação da obra de Rui Goes Ferreira, foi no contacto com a galeria Porta 33, sob a direcção e orientação de Cecília Vieira de Freitas e Maurício Pestana Reis, que encontramos a possibilidade de nos aproximarmos dessa vontade.

A Porta 33 um espaço cultural que tem recebido artistas locais, continentais e estrangeiros, reconhecido pelas suas residências artísticas e forte divulgação de trabalhos no seu site. que ultrapassa o seu limite geográfico. Na galeria já trabalharam com outras personagens marcantes da Madeira dos anos 60 e 70, como a Lurdes de Castro, o Pitum Keil do Amaral, Marcelo Costa, José António Paradela, portanto este é para eles um projecto de continuidade com o seu trabalho.

Esta exposição, motivada pelo acordo de doação deste acervo à Fundação Marques da Silva, no Porto, acolhe pela primeira vez uma obra que esteve interrompida e desprotegida por mais de 30 anos e encontra agora a possibilidade da sua incorporação no debate da arquitectura portuguesa do século XX e em futuros estudos e investigações.

Para a realização da exposição realizou-se uma candidatura à Fundação Calouste Gulbenkian para o apoio Estruturas artísticas e artistas plásticos - 3ª fase, que foi aprovada e viabilizou o avanço dos trabalhos. 

RUI GOES FERREIRA. IMAGEM DE UMA OBRA INTERROMPIDA

A exposição Rui Goes Ferreira. Imagem de Uma Obra Interrompida promovida pela Porta 33 tem fotografia de Duarte Belo e ganha forma a partir do trabalho de investigação de Madalena Vidigal, desenvolvido em 2016 no âmbito da tese de Mestrado em Arquitectura da Universidade do Porto, intitulado Rui Goes Ferreira. Ensaios sobre uma obra interrompida. Madeira 1956-1978

Em função das fotografias de Duarte Belo e recriando uma estrutura a partir do estudo referido, a exposição é pensada em torno das palavras de Rui Goes Ferreira. Elas são palavras das Memórias Descritivas dos projectos de Rui Goes Ferreira que vão orientando aquilo que poderá ser um esboço das suas intenções e ambições enquanto arquitecto e de um percurso que soube articular diferentes contingências, tão relevantes para a actualidade e futuro desta actividade profissional.

A selecção das fotografias procura captar a vivência dos espaços, as experiências e sensações provocadas pela arquitectura, desde um ponto de vista amplo e distante, paisagístico, urbano, social, político, até aos seus mais pequenos detalhes, de aproximação a uma janela, a uma escada, a um corrimão.

A exposição cruza a selecção de fotografias de Duarte Belo com uma selecção de elementos do acervo do arquitecto, os elementos que se consideram essenciais para compreender a produção e prática de Rui Goes Ferreira, como desenhos e documentos originais e fotografias de época.

A abordagem e composição expositiva pretende transmitir os temas que se consideram fundamentais de entender na arquitectura de Rui Goes Ferreira: a integração e adequação dos seus projectos na paisagem, pelo exercício contínuo de aproximação e intimidade com o território; a profundidade da sua arquitectura na força das subtilezas pela atenção ao desenho dos pormenores e detalhes; a humanidade dos espaços criados para serem vividos pelas pessoas, à sua escala, procurando oferecer conforto e bem-estar, apenas possível pelo conhecimento profundo que detinha da realidade e contexto social regional; e a emoção pela contemporaneidade mas sustentada em processos sustentáveis, procurando reutilizar a experiência da tradição dos materiais e técnicas locais.

No âmbito da exposição haverá lugar na Porta33 a uma conversa com a participação de André Tavares, Duarte Belo, Madalena Vidigal e Sérgio Fernandez. Nesta conversa pretende-se dar a conhecer a experiência de aproximação às obras e reflectir sobre a arquitectura de Rui Goes Ferreira.

Durante o período da exposição, a Porta33 organizará iniciativas, como encontros teóricos e acções práticas, destinadas ao público em geral, comunidade escolar, crianças e famílias. O programa produzido pelo Serviço Educativo da Porta33 pode ser consultado no site em www.porta33.com


para + informações consultar
 http://www.porta33.com/exposicoes/content_exposicoes/rui_goes_ferreira/rui_goes_ferreira.html

2017-03-29

DIVULGAÇÃO

Bairro dos Pescadores, Junho de 2016, Duarte Belo


















Está em curso o desenvolvimento de um projecto de divulgação da obra do arquitecto Rui Goes Ferreira. O objectivo base deste projecto parte da responsabilidade de protecção de um espólio ímpar no contexto da história, cultura e políticas da arquitectura dos anos 60 e 70 na Madeira.

O projecto pretende fixar o arquitecto no tempo e no espaço presente, passado e futuro. Acreditando que o conhecimento pelo passado construirá maior confiança no futuro. Este projecto surge num momento urgente em que várias obras se encontram em risco de desaparecimento.
Para apresentar um dos arquitectos de maior relevo na Madeira do século XX, contextualizando e reflectindo sobre o seu pensamento e obra, pretende-se realizar um FILME, conceber e editar um LIVRO e montar uma EXPOSIÇÃO.

O trabalho iniciado necessita de continuidade e aprofundamento no muito que há a descobrir e aprender com o trabalho de Rui Goes Ferreira. Procurar-se-á que se entenda a reflexão que acompanha a intensidade da sua produção e do seu pensamento referenciando o seu processo através do levantamento documental e dos registos fotográfico e filme.

No dia 23 de Março de 2017, no programa Casa das Artes visitamos duas obras do arquitecto Rui Goes Ferreira - o Edifício Fabril da Empresa de Cervejas da Madeira e o Bairro dos Pescadores em Câmara de Lobos - e apresentamos o projecto de divulgação.

Pode encontrar-se em:

2017-03-03

LEVANTAMENTO E ENVOLVIMENTO

Espólio de Rui Goes Ferreira, Duarte Belo, 2016


















Em Junho de 2016, o fotografo Duarte Belo, foi às Ilhas da Madeira e Porto Santo fazer um levantamento fotográfico da obra de Rui Goes Ferreira. Um registo crucial num momento em que várias obras correm risco de desaparecimento. Mais do que um trabalho revelou-se um envolvimento na intensidade e profundidade de um personagem que encontrou ainda, e de certa maneira, presente.
Hoje inicia, no seu blog, uma reflexão sobre o levantamento e reconhecimento da produção e arquitectura de Rui Goes Ferreira.

"A sua obra arquitetónica, ainda pouco conhecida, representa a perseguição do desenho, o contínuo apuramento do traço ao longo do tempo, na adequação a situações de projeto sempre diferentes. Seguir os passos de Rui Goes Ferreira é uma desconcertante experiência de humanidade, de limite, de procura insaciável, de sonho e de utopia." Duarte Belo

Convido a acompanhar, numa história em 25 capítulos:

Rui Goes Ferreira